Autor (a): Daniel Nonohay
Editora: Talentos da Literatura Nacional
Ano: 2016
ISBN: 9788542809275
*Livro recebido em parceria com a Lilian Comunica*
Sinopse: Seja bem-vindo ao nosso futuro! As grandes cidades convivem com a divisão entre as “zonas vigiadas” e suas periferias. O uso de drogas e medicamentos é disseminado, sendo controlado por laboratórios. Implantes cibernéticos são uma realidade, aumentando capacidades e aptidões, como a de memória, para aqueles que conseguem arcar com os custos. Religiões e grupos terroristas alimentam-se do descontentamento e das diferenças sociais. Venha acompanhar a história de Ramiro, um advogado que perdeu o prazer de viver. Depois de quase ser morto, tenta retomar a rotina profissional e dar sentido ao que restou da sua vida. Em litígio com os sócios do escritório, parte como caçador em busca de uma vingança que o acabará transformando em caça. Perseguido, doente e sem recursos, a sobrevivência de Ramiro dependerá da sua capacidade de improvisação, do seu conhecimento de sistemas de dados e das aptidões adquiridas com dois implantes cerebrais, que lhe permitem acesso à “rede” e aumentam a sua memória. Um Passeio no Jardim da Vingança é um suspense denso, com personagens marcantes e amorais, que dão à narrativa múltiplos pontos de vista e linhas cronológicas, e onde a ficção científica é um pano de fundo para uma história na qual o personagem principal é a natureza humana.
"Não se pode ser amigo de quem você não respeita. Você pode sentir pena, piedade, compaixão. Pode até mesmo amar a quem não respeita. Mas não pode ser amigo."
Ramiro é um mero advogado. Conseguiu muito dinheiro trabalhando e vive confortavelmente. É casado, mas até hoje de pergunta o que sua esposa, Amanda, pode escolhê-lo com tantas outras opções melhores (e mais ricas). Ramiro sempre teve uma tendência a vícios, e por anos chafurdou nas drogas. Abandonou o alto cargo que ocupava na empresa onde trabalhava e passou a supervisionar advogados menores.
Durante um julgamento, acabou sendo vítima de um atentado e contrariando todas as probabilidades, sobreviveu. Lógico que houveram algumas sequelas, como ter passado dois meses em cima, enquanto os médicos consertavam tudo o que podia ser consertado. E seu acesso ao chip que tem implantado no cérebro foi reduzido.
Depois de sobreviver a isso e antes do tempo previsto, Ramiro voltou a trabalhar, num momento "estou me sentindo invencível dei um tapa na cara da morte", ele exigiu que seu antigo cargo lhe fosse devolvido, pois estava cansado de não fazer "nada". Mas, os sócios da firma negaram o pedido. E, é aí que Ramiro começa a escavar. No começo era só um tiro no escuro, ele queria algo que os fizesse aceitá-lo no cargo, contudo o que encontrou foi muito maior e mais ilegal do que esperava. Assim começou sua corrida para se manter vivo.
"A verdade é ferina."
Eu senti um mix de raiva e torcida pelo Ramiro, eu queria que ele saísse dessa situação bem e vivo. Mas, ao mesmo tempo sentia um certo desprezo pela pessoa que ele foi por muitos anos. Ramiro tinha tudo, um bom casamento, um bom emprego e muito dinheiro disponível, ao invés de se focar nas coisas boas da vida, passou a usar muitas drogas e a trair sua esposa, e ainda teve a ousadia de ficar surpreso por ela retribuir o "favor". É sério isso? Contudo, depois do atentado, ele estava começando a enxergar sua vida com um olhar diferenciado, porém começou a dar os passos na direção certa de maneira errada.
Não gostei muito da Amanda, a conheci através dos olhos do Ramiro (no começo do livro) e aquilo que ele via dela me fez achá-la fútil, mas, querendo ou não, ela foi criada dessa forma, não há muito a se esperar de uma pessoa assim né. Porém, conforme a história vai se desenrolando, eu acabei criando uma torcida por ela, acreditava que ela iria mudar, entretanto aos quarenta e cinco do segundo tempo, ela tomou uma atitude que ia contra todas as mudanças pela qual passou nos últimos tempos e isso me deu raiva.
A única coisa que me incomodou, foi o fato de não ter uma explicação maior em relação aos chips implantados, o leitor fica sabendo (por cima) o que ele faz, mas em momento algo é falado porque foi criado, tudo o que o chip pode fazer ou o porquê do Ramiro tê-lo implantado já que não é um recurso dos mais baratos. Como, acredito e espero, por uma continuação, acho que isso será abordado com mais clareza no próximo livro. Já estou bem empolgada para isso.
Quem está lendo esta resenha agora deve estar se perguntando: sim, mas cadê aquilo que irá nos fazer gostar do livro? Calma, que chegarei lá! A ideia do autor é muito criativa e única, ele vai usar uma nova religião que tentará assumir o controle das coisas em busca de um objetivo maior, ou nas palavras dos próprios cristãos, em busca da salvação. Porém, o que vamos encontrar aqui são mercenários usando a fé das pessoas para conseguir alcançar seus objetivos nefastos. É muito interessante acompanhar como isso se sucederá. Além de ter sido uma ideia muito genial por parte do autor, principalmente porque vemos muitos casos polêmicos envolvendo a igreja, e o autor usou isso e criou um livro 😱.
Ficção científica não é um gênero que costumo ler, leio muitas ficções, mas nessa categoria foram pouquíssimos. Enfim, confesso que foi uma experiência muito boa, apesar de eu ter achado o início parado, sou dessas que já quer que os livros comecem repletos de ação hahaha. A narrativa foi feita por diferentes pontos de vistas, para que o leitor soubesse o que estava acontecendo em núcleos diferentes da história, mas todo o livro 1 é narrado pelo Ramiro. Sim, o livro é divido por livro e são três. Cada um focado numa determinada parte da história, achei muito legal o modo como o autor nos deixou cheios de dúvidas e lá no livro 3 explicou tudo nos mínimos detalhes, adorei isso! A escrita do autor é bem cativante, você começa lendo como quem não quer nada e quando viu já está completamente envolvida nesse universo. Estou bem empolgada para a continuação e como falei ali em cima, espero que o autor esclareça a parte do chip, pois foi a única ponta solta que restou.
"Na maioria das outras, você simplesmente perdia. E, se quisesse sobreviver, ir em frente, tinha que aceitar isso. Ele fora em frente várias vezes, em situações piores do que aquela."
Beijos e até o próximo post!