[Resenha] O clube dos oito.

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Título original: The Basic Eight
Autor (a): Daniel Handler
Editora: Seguinte
Ano: 2018
ISBN: 9788555340659

Sinopse: Como um grupo de jovens estudantes bem-educados acabou se envolvendo num escândalo que chocou um país? Por que tantos especialistas em comportamento juvenil têm algo a dizer quando o assunto é o Clube dos Oito? Até quando inúmeras manchetes de jornal e programas de TV sensacionalistas vão explorar o caso nos mínimos detalhes? Para fazer com que a verdade venha à tona, Flannery Culp, a dita líder do Clube, decide tornar público o diário que manteve ao longo do seu desastroso último ano de ensino médio. Agora que está presa por cometer um assassinato, a garota tem tempo de editar o que escreveu e revisitar a rotina que levava ao lado de seus sete melhores amigos. A narrativa de Flan, permeada de professores da pior índole, um amor não correspondido, aulas complicadas e jantares pomposos, comprova que ela pode até ser uma adolescente criminosa — mas, pelo menos, é uma adolescente criminosa muito inteligente.

"Eu amo ele. É mais forte do que eu."


Começamos essa história informados de que Flannery Cup assassinou Adam State e está presa por isso. Numa tentativa de mostrar seu lado da história, ela escreve um diário, na verdade antes mesmo dessa tragédia, tinha o hábito de escrever em seu diário, o que estava fazendo agora é editá-lo com as informações que possui, além de desmentir os boatos criados pela mídia.

Flan mora em San Francisco, frequentava o Colégio Roewer, estava no último ano ensino médio. Era apaixonada por Adam State, durante as férias de verão onde viajou para a Itália, lhe escreveu cartas e um cartão postal, mas nunca recebeu uma resposta ou uma ligação, como esperava.

De volta ao colégio, Flan fazia parte de um grupo apelidado de O clube dos oito, não gostava muito do nome, contudo era melhor do que ter que citar o nome de todos os participantes. O clube se reunia de tempos em tempos para realizar jantares especiais, em que Gabriel cozinhava, V. polia os talheres, Douglas ou Lily escolhiam as músicas, enquanto que Kate, Natasha, Jennifer Rose Milton e Flan jogavam conversa fora.

Em seu diário, Flannery relata como era o relacionamento entre os membros do clube, a vida escolar, os dramas de sua vida amorosa, o que acontecia nos jantares e nas festas em que o clube comparecia e muito mais. Afinal, ela matou ou não Adam?

"Faça alguma coisa. Não fique só olhando para um problema que acha que não consegue resolver. Faça alguma coisa."

O que você precisa saber sobre esse livro: é um diário! Não é o formato a qual estamos habituados, aqueles que se pareceram um dia, todavia é tudo muito editado e politicamente correto. O clube dos oito é um diário real, nele a protagonista relata sua vida nos mínimos detalhes, cada pensamento sórdido, atitudes impróprias, comportamentos desviantes, seus hábitos, quem são seus amigos, seus amores, o que os move, suas preferências e recordações, enfim. No começo, demorei a me acostumar a essa confusão, pois por mais que seja editado, como qualquer outro livro, a proposta desse é que seja similar a um diário mesmo, depois que entendi isso, ficou mais fácil me aclimatar e ser envolvida pela história.

Os personagens nesse livro tem particularidades, podem vir a agradar ou não o leitor, por exemplo: Kate adora uma fofoca e adora ainda mais espalha-la. Por tudo ser narrado pelo ponto de vista da Flan senti que os outros personagens não foram desenvolvidos de forma completa, senti falta de um algo a mais, que acredito teria sido suprido se a narrativa fosse em terceira pessoa, mas aí, estragaria o mistério.

Achava que não tinha conectado-me a protagonista, discordei de muitas atitudes tomadas por ela, irritei-me com outras. No entanto, ao saber a história completa fiquei desnorteada, porque ela foi honesta durante todo seu relato, então quando começou a ter dúvidas sobre se era culpada ou não, confiei nela. A surpresa e o choque dela espelharam bastante as minhas reações. Flan não é uma personagem encantadora, muitos podem vir a não gostar dela, porém, surpreendentemente consegui criar um vínculo com ela.

Eu sei que a amizade, assim como o amor, não se manifestam de maneiras iguais em todo mundo, achei muito esquisito o modo como o clube dos oito se relacionavam. É um tipo de amizade que não tinha visto antes sendo retratada, estou acostumada a ver o clichêzão de "faria tudo pelo meu amigo, nunca falarei mau do meu amigo", o que encontramos aqui é um grupo de jovens que falam mal uns dos outros, julgam uns aos outros, espalham segredos, nem sempre mostram-se disponíveis quando o outro precisa e de cara não conseguimos entender o que os une, além dos jantares que costumam realizar.

Todos os livros que já li me provocaram a pensar sobre situações, personagens e temáticas, o diferencial nesse livro é que a protagonista cria perguntas, nos forçando a pensar sobre a questão no momento em que estamos lendo. Às vezes, passava por essas perguntas e não sentia vontade de respondê-las, em outras fixavam ali no meu subconsciente, fervendo em banho maria, só esperando uma brecha para ocupar meus pensamentos, achei genial!

Sendo honesta com vocês, não sei dizer se gostei ou não desse livro. Ele tem uns furos que poderiam ter sido melhores explorados, o final ficou muito em aberto, entretanto adoro a escrita do autor, tem uma escrita muito suave, trazendo leveza a leitura, os personagens são intrigantes, o modo como a história foi conduzida é envolvente e o desfecho do mistério foi sensacional, me deu muito no que pensar e é mega marcante.


Beijos e até o próximo post!

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