[Resenha] Os treze porquês.

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Título original: Thirteen Reasons Why
Autor (a): Jay Asher
Editora: Ática
Ano: 2009
ISBN: 9788508126651

Sinopse: Ao voltar da escola, Clay Jensen encontra na porta de casa um misterioso pacote com seu nome. Dentro, ele descobre várias fitas cassetes. O garoto ouve as gravações e se dá conta de que elas foram feitas por Hannah Baker, uma colega de classe e antiga paquera, que cometeu suicídio duas semanas atrás. Nas fitas, Hannah explica que existem treze motivos que a levaram à decisão de se matar. Clay é um desses motivos. Agora ele precisa ouvir tudo até o fim para descobrir como contribuiu para esse trágico acontecimento.

"Porque talvez pareça um papel pequeno agora, mas é importante. No fim, tudo tem importância."


Um dia, depois de chegar da escola Clay Jensen encontra um pacote do tamanho de uma caixa de sapato endereçada a ela, assim que abre fica intrigado por encontrar sete fitas cassetes enumeradas, sem qualquer sinal de quem possa ter enviado. Por sorte, havia um toca fitas na garagem de sua casa. Surpresa é pouco diante do que está ouvindo.

Hannah Backer contando o seu lado da história, contando os porquês de ter cometido suicídio há pouco tempo. Ela cria duas regras para os ouvintes, 1°: você escuta, 2° voce repassa. Cada lado de uma fita é dedicado a alguém. A curiosidade de Clay é enorme, mas sente que não pode ouvir isso em casa, onde seus pais podem ouvir e ele não sabe o que ela disse a seu respeito. Então, ele vai até a casa de Tony, um amigo da escola, rouba o walkman do pai dele, para poder ouvir as fitas com privacidade.

Se choque foi o que sentiu ao saber quem havia enviado as fitas, o que sentirá conforme ouve as fitas nem se compara ao que Hannah tem para contar. Clay sempre foi apaixonado por ela, não é apenas curiosidade que o faz ouvir as fitas e seguir as instruções do mapa que Hannah deixou, é pela necessidade de saber o que ela sentia realmente por ele.

"Pode parecer que, toda vez que alguém lhe dá a mão para você se levantar, a pessoa larga e você escorrega mais para o fundo."

Quando li esse livro pela primeira vez, lá em 2014, tinha 17 anos, no auge da minha depressão. Consegui me conectar com os personagens e a história, porém a questão de Hannah me parecer calculista me incomodava. O que eu não sabia na época é que depressão age de forma distinta, variando de pessoa para pessoa. Ler esse livro com a maturidade que tenho hoje, me fez gostar muito mais desde livro.

Quem é Hannah? Nenhum leitor pode dizer que conhece de verdade, só temos flashs dela antes de morrer e mesmo assim apenas conhecemos o que ela quis nos contar, óbvio que tudo que foi gravado era verdade, no entanto conhecer alguém vai muito além de saber por quais tragédias a pessoa enfrentou. Todavia, é uma personagem fascinante, com quem me identifiquei em muitos momentos. Sua vida não foi um mar de rosas, e é nítido o uso excessivo da ironia para disfarçar sua dor.

Clay é bacana, porém é aquele tipo de pessoa que está sempre presente, sem estar presente de fato, por isso achei curioso que ele fosse o escolhido para narrar a história. Conforme a trama vai acontecendo é difícil não criar uma ligação com ele. Afinal, quem nunca presenciou uma cena de bullying e não fez nada, apesar da conta de em fazê-lo? Clay é o narrador justamente por estar nesse limbo entre vilão e mocinho.

O livro possui muitos personagens que afetam a história de alguma forma, alguns atraem mais do que outros. Não falarei sobre cada um deles para que vocês possam tirar suas próprias conclusões, porque o autor enfatiza bastante isso de mocinho versus vilão, a conclusão que tirei disso é que, ninguém é 100% mal, assim como não é 100% bom, todos somos humanos e com tendências a errar.

Esse é um livro polêmico sem sombra de dúvidas. Pois, tem algumas pessoas que acreditam que Hannah estava se vingando das pessoas através das fitas, não discordo porque opinião é algo pessoal, mas, eu acredito que se o enredo fosse escrito diferente ou tivesse um final diferente, não teria o impacto que a história tem. Uma coisa é inegável, depois dessa leitura o leitor pensará de maneira diferente, não importa sobre qual dos assuntos abordados.

Falando em temáticas trabalhadas, aviso que é uma leitura intensa, complexa, pesada e com gatilhos. Bullying, suicídio, estupro, dramas familiares, uso de drogas, amor, amizade e ambiente escolar tiveram uma abordagem muito próxima ao real, ou seja não é uma história bonitinha e fofinha.

Se eu fui trouxa? Fui sim! O que alivia é saber que não foi só eu haha. Sabendo que Hannah estava morta, não sei de onde tirei que ela formava um velo casal com Clay, shippei horrores.

Uma leitura triste, reflexiva, que tocou-me de forma profunda. Com uma narrativa ágil, fluida e instigante, Jay Asher nos faz entender a importância dos pequenos detalhes, como eles podem fazer a diferença e o impacto que causamos na vida dos outros.


Beijos e até o próximo post!

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